Conheça casos de mulheres que investiram no próprio negócio em plena maternidade
A participação da mulher em cargos de liderança no universo corporativo vem aumentando ano a ano, assim como na abertura de novos empreendimentos.
Dados do IBGE apontam que, em 2022, havia no Brasil 10,3 milhões de mulheres donas dos próprios negócios, o que representava mais de um terço (34,4%) do total de empresas do país.
A participação tem aumentado nas áreas de serviços, comércio e indústria.
Grande parte destas mulheres também são mães e enfrentam diariamente o desafio de conciliar a maternidade com o trabalho.
E, neste contexto, há casos em que a opção pelo empreendedorismo representa justamente a chance de alcançar o sucesso profissional e, ao mesmo tempo, poder acompanhar de perto o crescimento dos filhos.
A seguir, conheça histórias de mulheres que encontraram no negócio próprio, a oportunidade de exercer uma atividade lucrativa e ao mesmo tempo desfrutar da maternidade de maneira plena:
O trabalho de assistente social da prefeitura de Ananindeua, região metropolitana de Belém, no Pará, era realizado por Ana Sheila Marques com determinação.
Havia muitos anos que ela atuava na atividade para a qual se formou na faculdade.
Ana gostava do que fazia e era feliz em poder aplicar o que aprendeu, contribuindo com a comunidade.
Mas o nascimento de Anna Pietra, em 2022, fez os rumos de sua vida profissional mudarem.
Aos 33 anos, Ana elencou prioridades.
A principal passou a ser ficar perto da filha.
A outra seria apostar no empreendedorismo.
Foi assim que Ana, em janeiro de 2023, largou o serviço público, juntou as economias com o marido e, depois de muita pesquisa, investiu na franquia da Aquamagic.
O modelo de autoatendimento da rede de lavanderias foi determinante na escolha.
Com ele, Ana teria o tempo necessário para cuidar do empreendimento e aproveitar a maternidade.
A ideia foi a de instalar a estrutura em um condomínio com quase 500 apartamentos e mais de mil moradores.
A unidade foi a primeira neste modelo da rede Aquamagic.
Todo o processo de estruturação da franquia foi feito na companhia da pequena Anna Pietra.
“Ela ficava comigo o tempo todo.
Era sol, era chuva, ela ia para onde eu fosse, porque não tinha com quem deixá-la.
Meu marido trabalha embarcado e nesta época estava em viagem”, lembra.
Hoje, passados quatro meses da inauguração, Ana tem certeza de que sua aposta foi correta.
“Eu ainda não tirei o valor investido, mas a lavanderia já se paga”, comemora a empresária, que já projeta a abertura de uma nova franquia da Aquamagic, nos mesmos moldes e em outro condomínio de Ananindeua.
E o melhor: posso ficar despreocupada e dar atenção a minha filha pois sei que a lavanderia tá rodando.”
O trabalho e a maternidade sempre andaram juntos na vida da advogada e hoje empresária Pâmela Morilla Coelho.
Na primeira gravidez, a nordestina radicada em São Paulo atendeu os clientes até o final da gestação.
Depois do nascimento da primogênita, ela decidiu trocar de atividade – na advocacia, não conseguiria dar a atenção devida à filha.
Pâmela passou então a atuar no departamento administrativo da construtora do pai, com sedes em São Paulo e no Piauí, Estado de origem da família.
Ao mesmo tempo em que acompanhava de perto o crescimento de Brenda, ela ia acumulando conhecimento e tomando gosto pela gestão da empresa familiar.
E, com o aprendizado, passou a projetar voos mais altos.
A decisão de empreender nasceu junto com a notícia de uma nova gravidez.
O que para outras poderia soar como um empecilho, para elas foi mais uma motivação.
“Queria empreender e já tinha a experiência da maternidade.
Sentia que estava preparada”, lembra.
“Conversando com alguns familiares, decidi procurar informações sobre o franchising.
Analisei propostas de várias redes e gostei muito do que a Aquamagic apresentou.
A proposta do autoatendimento era exatamente o que eu buscava”.
A ideia repercutiu na família e a irmã, em Teresina, também se interessou.
Com o auxílio do pai, ambas fecharam contrato de franquia para duas unidades: uma no bairro de Santa Cecília, em São Paulo, e a outra, na capital piauiense.
Nem a reta final da gravidez impediu que Pâmela acompanhasse as obras.
Mesmo contando com a ajuda do marido, publicitário, e do pai, que foi para São Paulo, ela participou de tudo – da burocracia dos contratos à reforma do espaço.
Em 31 de maio de 2023, nasceu Breno e, no dia 1º de agosto, a lavanderia foi inaugurada.
“Ele nasceu praticamente dentro da lavanderia.
Hoje já está com sete meses e o levo sempre junto comigo quando vou fazer alguma manutenção.
Amamento e troco a fralda lá mesmo”, diz, orgulhosa, a mãe e empreendedora.
“A Brenda, que está com seis anos, também acompanha e adora.”
A goiana Kariny Fleury Canesin recém havia se mudado com o marido Jean Carlos para Hortolândia, cidade próxima a Campinas, em São Paulo, quando decidiu empreender.
A fisioterapeuta já era experiente na profissão e queria tocar algum negócio que tivesse relação com sua atividade de até então.
Passou a procurar alternativas no modelo de franchising e encontrou na rede de residenciais sêniores Terça da Serra a opção que mais se aproximava do desejado.
No final de junho de 2018, Kariny fechou contrato com a franquia e, um mês depois, outra novidade a surpreendeu: um teste positivo de gravidez indicava que a família iria aumentar.
“No começo, me disseram para desistir da franquia, porque não ia conseguir conciliar.
Mas agarrei firme no meu propósito, comecei a busca do imóvel e a reforma para a inauguração”, conta Kariny.
“Em abril de 2019, o Miguel nasceu. E depois de 45 dias a gente inaugurou a Terça da Serra. Quebrei o resguardo todo.”
O desafio de cuidar do bebê e do empreendimento ganhou contornos inesperados logo no primeiro dia.
Ao chegar em casa depois da inauguração, Kariny ficou sabendo que o residencial havia sido arrombado e a televisão da sala, havia sido furtada.
O imprevisto, claro, gerou preocupação, mas não desmotivação: o primeiro hóspede estava chegando e tudo tinha que ser contornado.
Quatro dias depois, outro fato inusitado provocou uma mobilização ainda maior.
Era um sábado à noite, quando Kariny recebeu um telefonema dos proprietários da franquia pedindo apoio para acolher 15 idosos do Asilo Público da cidade de Paulínia, uma cidade próxima, que havia sofrido um incêndio.
“A gente prontamente os acolheu.
Naquele momento, só havia dois hóspedes na casa, mas não tínhamos estrutura para todos.
Tive que correr às pressas para aumentar o número de funcionários e fazer compras”, recorda.
“Foi um grande desafio resolver tudo com o bebê no colo.
Meu esposo trabalhava em outra empresa na época e estava viajando”. Mas, no fim, tudo se resolveu.
Para atender às demandas e dar a Miguel a atenção necessária, tudo ao mesmo tempo, Kariny levava o filho grudado ao corpo, em um “canguru”.
“Eu ficava com os braços livres dentro da casa, podia trabalhar, e o Miguel fazia a alegria dos idosos”, revela.
Outra lembrança marcante foi o aniversário de um ano do filho.
Como Miguel era amado pelos idosos, decidiu-se que a festa seria no residencial.
Mas a pandemia de Covid-19 impediu que a celebração ocorresse entre os hóspedes.
E como o Miguel já não podia mais entrar no residencial e os idosos sentiam falta dele por perto a solução encontrada foi levá-lo, pequeno, para que os idosos o vissem pela porta de vidro da sala.
Em 2021, a maternidade bateu à porta outra vez, e a nova gravidez não podia ser diferente da primeira.
Até o chá de bebê foi feito no residencial.
Kariny lembra que, depois que Julia nasceu, os rituais foram os mesmos:
“Começou tudo de novo.
Pazinha, frutinha, engatinhou, andou, correu, aprontou tudo do mesmo jeito do Miguel.
Posso concluir que sou realizada como mãe e empreendedora”, celebra a empresária.
“As minhas noites continuam as mesmas.
Ao mesmo tempo que cuido das crianças, sempre estou olhando as câmeras no celular e conversando com funcionários.
Hoje já esqueci das dificuldades. Estou realizada”.
Atualmente, o residencial tem 27 funcionários e todas as 19 vagas estão ocupadas.
E a alegria dos idosos é garantida pelas crianças que continuam visitando o Terça da Serra.
Em fevereiro, teve festa na unidade: era o segundo aniversário da Julia.
Em abril, já tem outra celebração prevista: a comemoração dos cinco anos de Miguel.
Fonte: Economídia
