Dividir tarefas é trabalhoso porém necessário ao negócio

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‘Dividir tarefa é trabalhoso, mas saudável ao negócio’

10/10/2017

O Estado de S. Paulo – Bianca Soares – 02/10

 

Empresário abandonou empresa familiar para fundar a franquia de piscinas iGUi

Fundador da iGUi, líder nacional do mercado de piscinas, Filipe Sisson, de 51 anos, tinha 16 quando começou a trabalhar na empresa familiar de mesmo segmento. Naquela época, o calouro precoce do curso de administração passava as tardes como estagiário do pai e do tio, mas sentia não ter “a menor vocação” para o mundo dos negócios.

Um ano e meio mais tarde, o acaso o empurrou para o comando do empreendimento. O tio havia deixado a sociedade e o pai sofrera um grave acidente de carro. “Passei a tomar as decisões, mas ainda era menor de idade e um procurador precisava assinar todos os documentos,” conta o empreendedor.

A empresa, que tinha 100 funcionários, estava a caminho da falência. Embora o clima fosse de pressão, a pouca idade favoreceu experimentos mais ousados. “Era como ter um laboratório em casa. Eu saía das aulas e podia aplicar as estratégias que julgava adequadas à situação.”

As mudanças começaram com a linha de produtos até então fabricados, muito diversa e pouco rentável. “Fazíamos mais de 250 itens, reduzi para menos de dez. Ficamos apenas com os mais atrativos e passamos a produzi-los em larga escala.” Com a recuperação da empresa, o passo seguinte seria abrir seu capital, mas a ideia não foi aprovada pela família.

Foi então que Sisson deixou a direção, após quase sete anos à frente do negócio. A expertise na área o ajudou na fundação da iGUi, em 1995. Ele se juntou a antigos fornecedores, que financiaram a aposta, e se comprometeu a criar um fábrica nova. “Minha proposta foi: levanto o projeto, vocês me pagam um valor ‘x’ e, depois que ele estiver consolidado, vou embora.”

Mas Sisson nunca foi. A iGUi cresceu, se tornou uma franquia – a mais internacionalizada do Brasil, conforme ranking de 2016 da Fundação Dom Cabral – e o empresário passou a ter parte das cotas da empresa.

Com a crise econômica, o faturamento caiu aproximadamente 9%, mas a iGUi conseguiu fechar 2016 em R$ 600 milhões e mais de 30 mil piscinas vendidas no período. No mesmo período, 300 lojas da franquia abriram as portas. A seguir, trechos da entrevista:

Início. Meu começo foi difícil, mas estimulante. Lembro do desafio de convencer meu pai de que nosso processo de produção era rudimentar e pouco competitivo. Acontece que, quando você cria um produto, fica meio apaixonado por ele, não consegue se distanciar. Isso pode atrapalhar a avaliação do que é realmente rentável.

Ousadia. Acho que faltava coragem para mudar. Fiz isso rápido por causa do desapego, lembro que jogamos no lixo carretas e carretas de entulhos. Esvaziei a fábrica para um começo quase do zero. Passei a enxergar o que realmente estava acontecendo em cada setor, a dinâmica de funcionamento e os custos. Somado a isso, colocamos as contas em dia e passamos a crescer.

Ruptura. Comecei a profissionalizar o ambiente que antes era muito familiar. Propus abrir o capital da empresa, mas meus pais não aceitaram. Então, decidi que era hora deixar o negócio. A decisão foi difícil, mas ótima para a minha carreira, pois a partir dela, nasceu a iGui.

Posição. Nessa fase, eu era apenas um gestor que elaborou o plano de negócio para os sócios. Estava em outra posição, diferente de tudo que tinha vivido. Dividir tarefas com os donos, ter que escutá-los, dá mais trabalho, é mais sofisticado, mas acredito ser melhor para a saúde da empresa, você fica com a cabeça mais aberta.

Mudança estratégica. Em 2008, a empresa já tinha se expandido. Recebemos pela segunda vez a proposta de transformar a marca em uma franquia. Desde então, nosso faturamento cresceu 220%. Hoje, temos 800 unidades, 170 no exterior, e estamos em 40 países.

Readequação. Com a crise, queimamos o colchão que tínhamos com nossos preços, cerca de 20% superior ao da concorrência por causa da qualidade. Mas já não era suficiente. Miramos, então, em dois novos públicos: o A, de luxo, e o C, para o qual criamos uma nova marca, a Splash. Isso nos permitiu fazer um produto de preço reduzido e, ainda assim, preservar nosso carro-chefe, que é a iGUi.

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