Se você tem vontade de abrir uma franquia, mas está preocupado(a) com o momento de inflação em alta que o Brasil está enfrentando, não se preocupe.
Estar atento(a) ao momento certo de empreender indica prudência.
Na verdade, a inflação está aumentando em todo o mundo, não só em nosso país.
Segundo o professor Ivan Rizzo, coordenador do MBA Gestão de Franquias – parceria da Associação Brasileira de Franchising (ABF) com o Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração (Provar/FIA) – esse aumento dos preços é um fenômeno causado pelo ciclo de juros negativos praticados nos últimos três, quatro anos.
Rizzo orienta o potencial empreendedor a ficar de olho nos indicadores de inflação do setor que deseja atuar.
Não adianta o virtual investidor pegar um indicador genérico, diz o professor, que não refletirá corretamente o índice inflacionário do setor dele.
Outra orientação do especialista para quem está buscando empreender é que seja conservador quanto ao prazo do retorno do investimento feito para abrir seu negócio.
“É importante que a pessoa seja muito conservadora quanto ao payback do investimento dela. Se ela está achando que será um ciclo de um ano, que ela projete cerca de um ano e meio que ela não precise daquele dinheiro”, defende.
De acordo com Nadia Nogueira, sócia-diretora da Acasa Gestão e Franquias, “o crescimento da inflação pode inviabilizar negócios novos ou existentes que não considerem essa variável externa como extremamente sensível para a definição dos preços dos produtos e serviços que eles [os empreendedores] oferecem e na decisão dos investimentos que serão feitos”.
“Não podemos definir preços sem controle de custos, apenas com base no que o concorrente mais próximo cobra. Sabemos, também, que o consumidor não suporta aumentos que acompanham, em tempo real, o índice inflacionário”, observa a especialista.
Ainda segundo Nadia, em tempos de inflação alta, com aumento constante de insumos, alugueis, combustíveis, energia e volatilidade do câmbio, represar o reajuste por longo prazo pode gerar o mesmo efeito negativo nas vendas quando a compensação for feita de uma única vez.
E a executiva completa:
“Isso nos leva a outro desafio: a decisão sobre estoque. Nem tanto que gere perdas, nem tão pouco que gere risco de desabastecimento”.
Para Deborah Machado, especialista em formatação de franquias da Goakira, “quando falamos sobre abertura de negócios, o maior índice costuma ser relacionado a alimentação e varejo.
Os profissionais normalmente tendem a abrir algo na área de alimentação, porque é mais útil, excluindo alguns outros tipos de negócios, como serviços especializados.
Negócios na área do varejo e alimentação sofrem mais com a inflação, por um simples motivo: a inflação afeta diretamente o custo dos negócios.
Quando temos negócios que demandam frete, logística – como o preço da gasolina – temos um aumento do custo logístico e, consequentemente, um aumento no preço do produto. Um aumento em cadeia.
Quando temos uma inflação subindo constantemente, fica difícil para o empresário conseguir previsibilidade”, afirma.
Segundo Deborah, as hamburguerias, por exemplo, sofreram muito com os últimos aumentos do preço da carne desde o ano passado.
Assim sendo, modelos de negócio que possuem um CMV (custo da mercadoria) de 35% ou 38%, acabaram se prejudicando porque o maior preço de custo já era o da carne.
“Com o aumento dos valores, o CMV passa de 35% a 40% ou 44% de custo, apenas no preço do hamburguer.
Então, a inflação impacta diretamente no CMV das operações e, claro, todos os outros custos atrelados a isso também”, explica.
“O impacto é um pouco menor quando falamos de serviço, pela falta de insumos e CMV.
Mas, temos com a inflação, uma perda de poder aquisitivo das pessoas.
O desafio do empresário é refletir sobre como fazer para que os produtos se enquadrem ao momento.
Um exemplo é a releitura dos produtos, muito comum no setor de alimentação, com a diminuição dos alimentos, por exemplo, para não ter que repassar o aumento para o cliente final, partindo do pressuposto de que esse cliente também já perdeu o poder de compra.
No caso dos serviços, maiores parcelamentos, promoções. É ser um pouco mais personalizado para caber no bolso do cliente”, completa.
Nadia afirma:
“O momento requer atenção redobrada de todos os segmentos, e não digo isso somente pela inflação crescente, mas também pela retomada mais lenta da economia e pelo novo comportamento do consumidor, hoje ainda mais exigente e digital.
As pessoas desejam consumir, principalmente agora que a pandemia está mais controlada e o índice de pessoas vacinadas chega a um percentual que as deixa mais seguras para sair de casa”.
Independentemente da inflação, os especialistas apontam que uma coisa é certa: há oportunidades de empreender para todos, a qualquer tempo.
Para a sócia-diretora da Acasa Gestão e Franquias, “há oportunidade para negócios que consigam entender e atender a essa demanda reprimida por experiências presenciais, mas que não descuidem da diversificação de canais de vendas, da construção de relações e que realmente saibam o que seus clientes valorizam. Eles tendem a ser mais resilientes. Não haverá retrocesso, o ‘figital’ veio pra ficar”, ressalta Nadia.
“Pensando em quem vai empreender pela primeira vez, eu não acho que existem negócios mais adequados para o momento, mas sim negócios com menos risco”, afirma a especialista da Goakira.
Segundo Deborah, quanto maior o investimento do negócio, obviamente que mais arriscado ele é, porque mais faturamento você precisa para obter o retorno do valor investido.
“Negócios que tenham o investimento menor, como o home based, são boas alternativas, principalmente porque você pode usar a estrutura de casa, sem precisar de ocupação, trabalhando sozinho ou com alguém da família, seja em qualquer nicho.
O que eu recomendo não é um modelo específico, mas sim que os investimentos sejam mais comedidos, que o empresário estude as oportunidades.
Porque momentos de crise também proporcionam oportunidades.
Analisar o mercado, as vontades e necessidades das pessoas.
Acho que inovações cabem nesse momento, tudo que otimiza, que torna a produção melhor, tem um grande espaço nesse momento.
Mas, os negócios usuais talvez precisem de investimentos mais restritos.
Não dá para investir muito em algo que precise de muitos clientes ou um ticket muito alto para a venda. E, principalmente, estudar. As pessoas empreendem muito sem conhecimento, principalmente de gestão. Mais do que o negócio que você vai abrir, é ter a noção do que é a empresa, uma pessoa jurídica. Não caia em economias não inteligentes e assertivas porque isso pode sair mais caro a longo prazo. Outra boa opção também é o mercado de franquias, porque esse modelo traz algo que já foi testado, com um know-how maior, mais segurança, correndo menos riscos”, conclui Deborah.
Ivan Rizzo observa que “está tendo muita oportunidade de pessoas que fecharam seu estabelecimento comercial, diminuíram sua atividade ou saíram do ramo por causa da pandemia e outras coisas, então, se o potencial investidor tiver oportunidade de aquisição de máquinas e equipamentos mobiliários de segunda mão, pode ser uma boa para não fazer um desembolso tão grande no momento de abertura do seu negócio”.
Agora que você viu que é possível investir mesmo com inflação, confira algumas oportunidades de negócios:
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Clube Melissa é muito mais do que uma loja. Ele é moda, arte e design. É onde um cheiro desperta memórias. O lugar que dá vida ao nosso universo. Clube Melissa é um ambiente feito para quem — como a gente — ama o plástico.
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