Na crise, turismo corporativo aumenta procura por hostels

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Na crise, turismo corporativo aumenta procura por hostels

09/06/2016

De lazer a negócios. Com profissionalização, albergue vira alternativa de baixo custo para clientes a trabalho. Já no lazer, a busca por um estilo de vida comunitário alavanca a demanda

Com crise e queda nos orçamentos das empresas para viagens corporativas, hostels ganham espaço e aumentam concorrência para a hotelaria. A perspectiva é que com a valorização do dólar e os Jogos Olímpicos de 2016 o setor se mantenha aquecido.

“Se antes era focado apenas em lazer, hoje o mercado tem atraído o viajante de negócios”, explica uma das sócias diretoras da consultoria Mapie, Carolina Sass de Haro. Segundo a especialista, com o crescimento do mercado e o surgimento de novos modelos – tipos de quartos e com serviços agregados -, os chamados albergues aumentaram a abrangência de mercado. “Hoje ele concorre com a hotelaria, sobretudo a econômica. A maioria já tem quartos coletivos e individuais”, diz.

Por isso, Carolina comenta que o crescimento deste nicho não está apenas entre locais turísticos, mas cidades de negócios como São Paulo (SP) e Curitiba (PR). Esse é o caso do Cult Hostel, em Recife (PE), e a rede de franquia The Hostel, que possui dois hotéis em São Paulo e deve inaugurar em junho mais um em Salvador (BA).

De acordo com o proprietário do Cult, José Otávio Meira Lins, isso foi uma surpresa. “Com o início da crise e o desaquecimento do mercado de eventos, resolvi transformar o centro de convenções em um hostel ‘design’ [mais luxuoso] de 66 leitos e agora faturo um terço a mais do que antes”, afirma.

Lins aponta que durante a semana a receita tem sido alavancada pelo público de negócios. “Quando tem feira ou congresso fica cheio. Muitos sabem que vão passar o dia fora”, diz. Aproveitando a demanda do hostel, o empresário disponibilizou os 60 quartos do Cult Hotel (localizado na mesma área) no canal de vendas do albergue. “Meu hostel vende meu hotel. Disponibilizo os quartos individuais a um preço menor”, aponta.

“Se estivesse com o espaço de evento não estaria assim. Muitos hotéis na cidade estão sem nenhuma demanda”, explica.

Tendências

Ainda segundo a sócia diretora da Mapie, o mercado de hostels tem muito espaço para crescer. Para ela, a busca por hostel não é apenas pelo preço, mas pelo estilo de vida que representa, sobretudo para o público de lazer. Em alguns, o peço do quarto comunitário chega a ser similar ao de um hotel. “Hoje as pessoas procuram espaço de socialização. É uma tendência entre os millennials [geração de nascidos entre anos 1980 e 1990].” Para ela, a mudança cultural também tem influenciado a criação de novas bandeiras hoteleiras, como Ibis Styles, Radisson Red e Hyatt Centric que possuem mais espaços para convivência. “Airbnb, hostels e hotéis têm conceitos diferentes, mas todos competem. É o mesmo cliente em momentos diferentes”, ressalta Carolina.

Gargalos

Questionada sobre a chegada de redes internacionais ao País, Carolina aponta que é necessário maior consolidação no mercado interno. “Algumas marcas devem vir ao Brasil, mas é preciso um amadurecimento financeiro”, comenta. Segundo a especialista, o maior desafio para os hostels brasileiros é o modelo de negócio. “A operação tem que ser enxuta e com uma equipe reduzida”, explica.

Para conseguir resolver este problema, desde o ano passado a rede The Hostel começou a investir em um modelo de negócio mais profissionalizado. “Oferecemos outros serviços, como lavanderia”, explica o proprietário da franquia The Hostel, João Luiz Lima Junior.

Para criar outros canais de receita, a rede também passou a oferecer uma lojinha com produtos de conveniência, criou uma central de reservas e adicionou um bar em suas unidades. “Também incluímos um sistema com tarifas flutuantes.”
Com isso, o The Hostel conseguiu administrar melhor os preços. Aos finais de semana quando a demanda é mais alta, por exemplo, os quartos coletivos atingem o preço de grandes hotéis e ficam mais caros que os individuais durante a semana.

Lima Junior acredita que trazer metodologias da hotelaria faz parte da melhora do negócio. “Também profissionalizamos a área de recursos humanos (RH) e financeira e incluímos programas de trainee”, aponta. Outra ideia para incrementar o faturamento foi oferecer a central de reservas a outros meios de hospedagem.

A expectativa da rede é abrir 10 unidades próprias em cinco regiões do País até 2018. “Depois disso vamos iniciar a operação de franquia”, explica. Depois disso, a The Hostel tem entre seus planos iniciar a internacionalização da rede. “Pretendemos depois de 2018 ir para a América Latina e do Norte e em 2020 para a Europa”, diz.

Perspectivas

Para o presidente da entidade Hostelling International Brasil (HI Brasil), Ramis Bedran, a perspectiva é de recuperação do setor. De acordo com ele, com a crise econômica, muitos empreendimentos que foram inaugurados no ano da Copa do Mundo acabaram fechando. “Em 2014 o número de hostels cresceu 20% e em julho de 2015 19 fecharam as portas”, diz.

Contudo, o executivo acredita que a pior fase passou. “Este ano vai ser um dos primeiros períodos de alta temporada europeia com o dólar tão valorizado”, comenta. Por isso, a grande aposta é que os empreendimentos que sofreram com a crise se recuperem. “Além disso, tem a Olimpíada, mesmo que seja localizada, muitos turistas devem se deslocar pelo País”.

O grande desafio, segundo ele, é a padronização do setor. “Muitos não têm os registros e as certificações necessárias e isso é ruim para a profissionalização do setor e o controle de qualidade”, explica.

Na entidade, são mais de 110 associados que, juntos vendem mais de 700 mil pernoites por ano no sistema de reservas on-line da HI Hostel.

DCI – Vivian Ito – 31/05

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