Portal UOL Empreendedorismo – Afonso Ferreira – 18/02/14
A dificuldade para encontrar pontos comerciais nas capitais tem levado franquias de calcinhas e sutiã a buscar espaço em cidades de pequeno e médio porte, segundo especialistas. Algumas marcas, como Hope e Puket, até desenvolveram novos formatos para se expandirem nessas regiões menos populosas.
Outras redes como Casa das Calcinhas, Darling, Jogê, Outlet Lingerie e Scala também estão prevendo abertura de mais lojas no interior. O faturamento médio mensal de uma unidade é de R$ 40 mil a R$ 115 mil, com lucro líquido de 10% a 20% (R$ 4.000 a R$ 23 mil), segundo as empresas. O investimento inicial vai de R$ 180 mil a R$ 490 mil.
De acordo com o diretor de expansão da Hope Sylvio Korytowski, a rede pretende abrir 200 unidades do formato sob medida – espaço com produtos da marca dentro de uma loja já existente– criado para atender cidades com menos de 200 mil habitantes.
O investimento nesse modelo é de R$ 5.000 a R$ 15 mil, dependendo do espaço disponível para a instalação. Korytowski afirma que não há cobrança de taxa de franquia nem royalties. Ele afirma que o formato de negócio aumenta em até 50% as vendas de calcinhas e sutiãs da marca na loja.
"Nosso foco são as lojas multimarcas que já trabalham com nossas calcinhas e sutiãs. Uma unidade franqueada nessas cidades não teria o retorno esperado", diz. A área mínima necessária para montagem do estande da marca é de três metros quadrados.
A Puket criou, em 2012, a franquia Love Brands, em parceria com as redes Balonè (acessórios femininos) e Imaginarium (artigos para decoração). Segundo a empresa, no novo modelo, as três marcas dividem o mesmo espaço para expor seus produtos. A franquia atende cidades entre 40 mil e 200 mil habitantes.
A meta é abrir em torno de 30 lojas em 2014, segundo a empresa. O investimento inicial em uma unidade Love Brands é a partir de R$ 200 mil (inclusos instalação + taxa de franquia + capital de giro).
O faturamento médio mensal é de R$ 45 mil a R$ 60 mil, com lucro líquido de 10% a 20% (de R$ 4.500 a R$ 12 mil).
Capitais sofrem escassez de pontos comerciais, diz ABF
De acordo com o diretor-executivo da ABF (Associação Brasileira de Franchising), Ricardo Camargo, as capitais e grandes cidades sofrem uma escassez de pontos comerciais, o que influencia a busca por espaço no interior dos Estados.
"Há poucos locais disponíveis para abertura de novos negócios nas capitais, e os que existem cobram preços muito elevados para locação", afirma.
Segundo ele, as franquias estão seguindo um movimento já realizado por algumas indústrias, que se mudaram para o interior. Isso fez com que aumentasse o emprego nessas cidades e, consequentemente, o poder de compra da população.
"No interior, o custo de vida e imobiliário é menor. No entanto, o volume de vendas é menor e o transporte da mercadoria até a loja tende a ser mais caro. Por isso, é importante verificar se o público daquela cidade é suficiente para a manutenção do negócio", diz Camargo.
Concorrência no interior é tão forte quanto na capital
Para o presidente da consultoria em franquias Fran Systems, Batista Gigliotti, o interior costuma dar a falsa impressão de mercado pouco explorado. No entanto, proporcionalmente, a concorrência é tão forte quanto nas capitais.
"Às vezes, a cidade inteira tem três ou quatro lojas concorrentes e o empreendedor acredita que ainda há espaço para mais. Porém, elas atendem a população local com folga, o que dificulta a entrada da nova empresa", afirma.
Gigliotti declara, ainda, que o público do interior, geralmente, opta por fazer a compra na loja que oferecer o menor preço.
"Não é que os moradores das pequenas cidades não tenham condições de pagar mais, é que, culturalmente, eles não se levam tanto por uma peça de grife."