Retrospectivas e perspectivas de fusões e aquisições

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Retrospectivas e perspectivas de fusões e aquisições

09/05/2013

M&A 2009/2010 no mundo

Por Marco Aurélio Militelli

O ano de 2009 terminou com um saldo 27% inferior em número de transações de M&A que o ano de 2008 no mundo. Em um primeiro momento esse número transmite a falsa idéia de que o impacto da crise nesse segmento foi bastante severo. Entretanto, há que se considerar nessa análise também outros fatores. O ano de 2008, em termos históricos, foi o vice-campeão em termos de negócios realizados perdendo apenas para 2007 quando o excesso de dinheiro circulante no mercado financiou grande parte das operações de compra de empresas, principalmente as efetuadas por fundos de Private Equity (PE) que foram os grandes destaques nos negócios realizados naquele ano.

Em 2009 a soma estimada para os negócios anunciados foi de U$ 2.3 trilhões e cerca de 5.800 negócios foram realizados no mundo todo, números bastante significativos, principalmente levando-se em consideração que devido à restrição de crédito no mercado em 2009, a participação de fundos de Private Equity foi bastante tímida, portanto, a grande maioria dos negócios foram realizados entre empresas, principalmente grandes corporações comprando empresas menores. 2009 também foi o ano em que houve um recorde de transações de empresas bem capitalizadas comprando outras em situação financeira não muito favorável, mostrando que para algumas empresas a atitude conservadora de reduzir custos e privilegiar liquidez (dinheiro em caixa) por ocasião da crise, possibilitou vantagem significativa para aproveitar oportunidades de aquisição de outras empresas. Só para exemplificar, nos últimos 18 meses, portanto bem no meio da crise, a Google comprou 11 empresas. Em termos mundiais os setores que mais realizaram negócios foram os de energia, indústria farmacêutica e produtos de consumo. Operações com empresas da região Asiática foram responsáveis por 26% do total dos negócios globais.

Outro dado bastante significativo foi que apesar da soma do total das transações de 2009 ter sido inferior que as realizadas em 2008, o último trimestre do ano apresentou uma alta de 35% quando comparado com o mesmo período do ano anterior, mostrando claramente uma forte recuperação dos negócios. Os fundamentos apontam para uma continuidade dessa tendência para 2010, isso quer dizer que no mínimo haverá uma quantidade de transações equivalente a 2008, talvez até comparável a 2007. A volta de fontes de financiamento para operações de M&A, custo de crédito razoável e retorno de operações de abertura de capital de empresas (IPO) devem favorecer as transações, sem levar em conta que ainda muitas corporações estão com níveis recordes de caixa em seus balanços.

Vale destacar que o valor de cada negócio deverá ser muito mais ‘justo’, ou seja, não deverá mais haver espaço para negócios com valores superestimados, como alguns concretizados em 2006/2007, pois os compradores, quer sejam fundos, corporações ou mesmo empresas de menor porte estão muito atentos aos efetivos fundamentos de valor de cada empresa observando avaliações técnicas bastante fundamentadas de definição de valor e não mais pagando prêmio de preço por conta de eventuais sinergias ou da realização da operação em si.

Marco Aurélio Militelli é consultor de empresas há mais de 20 anos e diretor-presidente da MILITELLI – Business Consulting. Especialista em estratégia empresarial,projetos e processos para modelagem e estruturação de negócios, reestruturação, planejamento e expansão empresarial, franchising, licenciamento, processos de fusão, cisão, incorporação e aquisição de empresas.