Sobre lidar com críticas
Receber uma crítica de uma pessoa inteligente é mil vezes melhor que receber um elogio de um idiota. Nesses tempos de internet, criticar e ser criticado parece ter se tornado um esporte nacional. Ou mundial. Jamais se viu a crítica utilizada com tanta sem-cerimônia. Parece que todo mundo tem opinião, inclusive sobre aquilo que não sabe! Confesso que me assusto com o nível dos comentários que recebo no Facebook, Twitter e outras mídias sociais.
Isso me lembra da história do violinista norueguês, Ole Bull, que tocava violino desde os quatro anos e, após algum tempo na universidade estudando com professores medianos, decidiu realizar concertos. Na Itália, um crítico de um jornal de Milão escreveu que “Ole é um músico mal treinado. Se ele for um diamante, certamente está em estado bruto, sem polimento”.
Ole leu o texto e viu-se diante de duas possibilidades: ficar nervoso ou aprender com a crítica. Decidiu pela segunda, dirigiu-se até a sede do jornal e pediu para ver o crítico que, com espanto, o recebeu. Ole passou a tarde conversando com o jornalista de 70 anos que apontou suas falhas e deu conselhos sobre como fazer para melhorar a performance.
Após a conversa, Ole cancelou o restante dos concertos e mergulhou em seis meses de estudo, dessa vez com professores de alto gabarito. Após semanas, dias e horas de estudo, sentiu-se firme para prosseguir com os concertos e, aos 26 anos, transformou-se numa das maiores sensações da Europa.
Examinando a história, podemos aprender sobre forma e conteúdo. Primeiro: o crítico foi duro, mas não desrespeitoso. E Ole, sabendo da inteligência do crítico, entendeu que aquela opinião, apensar de negativa, mostrava um caminho. E humildemente buscou os conselhos de quem sabia muito sobre o assunto.
Fosse hoje, seguindo o modismo da internet, talvez o crítico escrevesse que Ole era “um músico medíocre, ruim e sem futuro”. E Ole provavelmente escolheria ficar nervoso e ignorar, ou atacar o crítico, perdendo a chance de mergulhar num processo de refinamento de sua arte.
Os “críticos de tudo” da internet ainda não entenderam que a crítica é uma atividade que exige inteligência para combinar forma com conteúdo. Não perceberam que, com sua grossura e ignorância, estão treinando quem gera e publica ideias a não aceitar críticas.
Por Luciano Pires
Jornalista, escritor, palestrante e cartunista
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