Visitar a convenção da IFA – International Franchise Association – é viver o que acontece no Franchising, exatamente onde ele surgiu, nos EUA. Daí a relevância dos insights que extraímos de lá, já que muito do que fazemos por aqui é um espelho do mercado americano.
Assim, é natural o Brasil marcar presença em peso no evento. A nossa delegação, organizada pela ABF – Associação Brasileira de Franchising – foi a maior internacional da convenção, mostrando a relevância que o setor tem por aqui. E não é para menos: o Franchising brasileiro vem crescendo a uma média de 8% ao ano nos últimos anos – muito acima do PIB.
Uma vez na IFA, a primeira coisa que impressiona são os big numbers, justamente por serem BIG huge. A rede Code Ninjas, por exemplo, lançou-se ao mercado em julho de 2016 e já está com 308 unidades entre implantadas e em processo de abertura. Uma média de 10 novas por mês. Quando olhamos para marcas mais icônicas, com forte foco em internacionalização, esse número chega a quase 3 por dia, no caso da Seven Eleven – a maior do mundo em número de unidades.
Esse apetite por negócios pede um arcabouço jurídico forte e impressiona como as informações disponibilizadas são transparentes, completas e corretas, principalmente nos processos de expansão – o que nem sempre é a prática das redes franqueadoras daqui. Um fato curioso é o fenômeno do joint employment, que vincula a relação trabalhista entre o funcionário da franquia com a franqueadora. Parece mais coisa de Brasil do que do Tio Sam.
Entrando no universo de marketing, foco principal da minha visita, fica claro como proporcionar uma boa experiência para o consumidor é vital, especialmente no que tange à conveniência. 65% das vendas da Domino´s Pizza já são digitais e por isso a empresa conta com 15 formas de se pedir uma redonda, incluindo WhatsApp, SMS, InBox, criação de Emoji e até um Non-Click App, que basta você abrir e não fazer nada que, em 10 segundos, ele pede sua pizza favorita. Conveniência na veia.
Outro case interessante é o da Carvana, que está reinventando a indústria das concessionárias de veículos. Você pode comprar um carro numa vending machine (isso mesmo, você escolhe o carro, paga e a máquina pega ele numa torre de carros e entrega para você.) ou pedir on-line e recebê-lo em casa, testar por 7 dias e, se não quiser, simplesmente deixar na rua que eles buscam de volta. Tudo é feito de forma a dar poder ao consumidor e tirar do vendedor. Uma baita mudança de mindset pró-conveniência.
É comum encontrarmos diversas lojas com self-checkouts, abrindo a opção de o consumidor finalizar a compra ao invés de ficar na fila do caixa. Consumer centric, friction reduction… só para citar alguns termos que ouvimos exaustivamente por lá e que sintetizam um pouco do explanado acima.
Um outro ponto que chama a atenção é a questão dos reviews. Especialmente para redes de franquias com muitas unidades, onde é mais fácil perder o controle e a padronização. O Google premia na busca orgânica as marcas bem avaliadas, com bastante reviews e cujas marcas respondem e interagem com o consumidor. Interessante o fator 3 estrelas, que é onde reside o perigo. Explico: se você está com 1 ou 2 estrelas, é natural tomar uma providência rápido. Se está com 4 ou 5, aparentemente tudo está indo bem. Agora, 3 é aquela nota mediana, onde seu consumidor dificilmente retornará e não vai dizer o porquê.
As pessoas estão avaliando a sua marca. Como você está lidando com isso?
No aspecto digital, nenhuma grande novidade. Falou-se muito sobre segmentação e entrega de mensagens personalizadas de acordo com seus clusters e personas – nesse cenário, a palavra da vez é contexto. Um dos palestrantes mais aguardados – Gary Vee – destacou: ´quem estiver mais próximo do consumidor, vence´. Na visão dele, não importa qual a plataforma, rede social, ou mídia. Se o seu consumidor estiver lá, sua marca também tem que estar. E ele profetiza: a próxima onda será dos dispositivos de voz – Alexa, Siri, etc. Buscas, vendas, consultas por informações serão feitas por voz, trazendo uma nova perspectiva para os algoritmos, machine learning, etc.
Entrando mais a fundo no aspecto tecnológico, a Porsche está utilizando a realidade aumentada para conectar mecânicos alemães aos americanos e reduzir em 40% o tempo de resolução de problemas dos carros. A Pop ID, da Cali Group, criou um ecossistema de utilização de reconhecimento facial para pagamento, controle de acesso, dentre outras aplicações. Basta posicionar seu rosto para a leitora para concluir a ação.
Sorria, você está sendo taggeado!
That´s all, folks. A IFA é menos sobre tendências e mais sobre o que está acontecendo agora. Por isso, vale muito a visita e a extração imediata de insights para os negócios de franquia e varejo aqui no Brasil. E como especialista nesse mercado, a MD | Make a Difference não poderia ficar de fora, sendo a única agência brasileira do evento.
A próxima acontecerá de 11 a 20 de fevereiro de 2020. Vamos juntos?
Cássio Britto
Publicitário
Sócio-Diretor de estratégia da MD | Make a Difference