A canibalização no setor de shopping centers
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A canibalização no setor de shopping centers

10/05/2013

Abril/2013

Matéria reproduzida da Revista Franquia & Negócios Ed. 48

A canibalização no setor de shopping centers e a sobrevivência das franquias

Os setores de franquias e de shopping centers cresceram juntos, um contribuindo para o desenvolvimento do outro. O fortalecimento das franquias, seja com a criação contínua de novas marcas, seja com a expansão profissional das redes, permite que a indústria de shopping­ centers lance novos empreendimentos com mais segurança, antecipando as marcas âncoras que assegurem o mixing­ do empreendimento.

Do lado dos franqueadores, esse processo se retroalimenta e viabiliza o oferecimento de pontos nos principais centros de comércio que mais crescem no varejo. Para os franqueados, a expansão desses complexos comerciais aumenta a oferta de locais para instalação de lojas, cria concorrência e limitação no valor dos pontos no mercado  e deveria, em tese, levar a redução dos custos de instalação pela existência de opções.

Porém, alguns sinais de alerta surgem no mercado. Os custos de aluguel e, sobretudo, condomínio nos shoppings estão cada dia mais elevados e a concentração dos empreendimentos em poucas empresas de grande porte reduz a capacidade de negociação dos franqueados no momento da aquisição do ponto.

Aliado a isso, percebe-se uma canibalização entre os shoppings que vêm realizando novos empreendimentos muito próximos um do outro e sem levar em conta o real poder aquisitivo da população na região.

Essa expansão excessiva, com proximidade preocupante, já dá sinais de exaustão em cidades como Rio Grande, no Rio Grande do Sul, em Blumenau, Santa Catarina, em Jundiai e no Morumbi, em São Paulo.

As cidades menores enfrentam ainda mais de perto esse risco de canibalização. Como a população local pode não ter capacidade de absorção da oferta de novas lojas e produtos, os negócios emperram. O aumento da inadimplência resulta na quebra das empresas e no desaparecimento de marcas. Isso aumenta a pressão nas lojas ainda em operação, que acabam pagando mais condomínio e vendo a clientela sumir. Com isso, essas unidades, que ainda conseguiam se equilibrar, sentem o impacto negativo e acabam também fechando as portas.

Em países como a Espanha, esse efeito acabou resultando no fechamento de alguns shopping centers e em prejuízo para centenas de marcas. No Brasil, esse efeito nefasto pode ainda ser evitado. Ainda há tempo, pois o nosso mercado de consumo continua relativamente aquecido. Os franqueadores precisam entender o processo em andamento e pressionar os empreendedores de shoppings e suas entidades representativas para buscar uma solução que minimize o impacto nas marcas franqueadoras e nos próprios shoppings.

Um caminho pode ser a iniciativa do setor de shopping, se autorregulamentando e evitando muita proximidade entre empreendimentos ou a instalação de novos centros em regiões cuja oferta já esteja saturada. Essa autorregulação evitaria mais fechamentos de lojas, falência de lojistas e iniciativas de regulação via governo federal ou Congresso­ Nacional.

Se o crescimento beneficiou os dois setores nos últimos anos, cabe agora aos setores mostrar amadurecimento e assegurar o contínuo progresso no longo prazo.

* Sócio do escritório Danneman, Siemsen Advogados e diretor jurídico da Associação Brasileira de Franchising (ABF) e presidente da Associação Brasileira da Propriedade Intelectual (ABPI). E-mail: [email protected]