Instalação de energia solar cresce no interior do estado

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Instalação de energia solar avança no Interior do Estado

22/08/2017

Diário do Nordeste – Honório Barbosa – 19/08/2017

O Estado do Ceará é pioneiro no Brasil em instalação de fontes renováveis de energia eólica e solar

Iguatu, na região Centro-Sul do Ceará, avança a instalação de placas fotovoltaicas de geração de energia solar em unidades industriais, lojas e residências. Essa é a tendência para os próximos anos no Interior do Estado, segundo técnicos e especialistas do setor. O mercado está aquecido. A possibilidade de redução de despesas com o pagamento mensal da tradicional matriz de energia elétrica, aliada às linhas de financiamento, atraem os interessados em micro geração de energia renovável.

O Ceará é pioneiro em instalação de fontes renováveis de energia eólica e solar. Ocupa a segunda posição em implantação de painéis fotovoltaicos, no Brasil. Nesta cidade, o Colégio Polos instalou 365 módulos para geração de energia solar. A iniciativa busca a geração de uma energia renovável, limpa, redução de custos e contribuição com a preservação ambiental. “A nossa iniciativa atende o interesse econômico em diminuir despesas e demonstrar a nossa preocupação com a questão ecológica”, frisou a diretora da unidade, Virgínia Montenegro.

O projeto implantado na escola dá garantia de pelo menos 25 anos de geração de energia e o pagamento mensal de prestação de financiamento é equivalente ao custo anterior com o consumo de energia elétrica oriunda da matriz tradicional (hidrelétrica). Após a liquidação das parcelas do empréstimo, em dez anos, a unidade vai se beneficiar com o sistema de compensação entre a energia fornecida para a rede e o que consome, que deve ser equivalente, ou seja, a partir de um determinado período não haverá mais custos.

A empresa responsável pela instalação do sistema, Fênix Solar, tem experiência na implantação de projetos na Capital em empreendimentos privados, no Lar Torres de Melo e em órgãos públicos. Além de elaboração do projeto, faz montagem das placas, dá manutenção e assistência técnica, com monitoramento por meio de uma sala em Fortaleza que acompanha de forma ininterrupta o funcionamento do sistema.

“A instalação de energia solar vem se expandindo muito no Interior do Ceará, pois somente traz vantagens econômicas e ambientais”, observou Clayton Medeiros, diretor da Fênix Solar. “A intenção de adquirir o sistema é grande por parte de empresários e consumidores residenciais, pois as pessoas sabem que há retorno, que o sistema vai se pagar a médio prazo”.

No Ceará, o índice de propostas de adesão ao sistema de energia solar é em torno de 25%, portanto superior à média nacional que é de 3%. “Há uma vantagem no Interior do Ceará em comparação com a Capital, que tem prédios mais elevados, mais áreas de sombreamento”, pontuou Medeiros. Outro quesito favorável apresentado por Medeiros é a possibilidade financiamento do projeto por meio de linhas de crédito FNE Sol ofertada pelo Banco do Nordeste, com valor decrescente de pagamento das parcelas, taxas de juros e prazos satisfatórios, para pessoas jurídicas ou produtor rural.

Conforme os engenheiros e empresários do setor, o mercado está aquecido e crescendo a cada mês, apesar da crise econômica nacional que perdura no Brasil. No Interior, há projetos de energia solar instalados nas regiões Centro-Sul, Cariri e Vale do Jaguaribe, que estão em expansão.

Elevação

O representante comercial da empresa Energo Engenharia, Hildernando Oliveira, observa que há uma crise de energia, com constante elevação do preço de tarifa que atinge todos as classes de consumidores. “A crise econômica traz dificuldades, mas o elevado custo da energia tradicional impulsiona a busca de alternativas. Há três anos, havia receio por ser uma tecnologia inovadora para a região, mas agora não há mais esse temor”.

O setor reclama da falta de financiamento para pessoas físicas. “Infelizmente, não há incentivo, linha de crédito em bancos oficiais para o consumidor doméstico e isso coloca o Brasil na contramão da história”, enfatizou Hildernando Oliveira. “Essa é uma dificuldade e a ausência desse tipo de política pública é inadmissível”.

Clayton Medeiros também reclama de demora por parte da Enel Distribuição Ceará para análise do projeto, vistoria e mudança do quadro de medidor, que poderia acontecer em menor tempo. “Deveria ser feito em 30 dias no máximo, conforme estabelece legislação, mas em média perdura 45 dias”, frisou.

A diretora do Colégio Polos, Virgínia Montenegro, disse que o sistema já está instalado, mas que ainda aguarda a vinda de técnicos da Enel para mudança de medidor bidirecional e início do modelo de compensação. “Os técnicos já deveriam ter vindo”, observou. “A gente acompanha a geração diária de energia pelo computador e pelo celular que, em média, é de 400kw, mas já chegamos a pico de 500kw; por isso, acho que vai valer à pena o nosso investimento”.

A engenheira em energia renovável, Stefany Carneiro, diretora da Energo Engenharia, confirma que o mercado é promissor, mediante a alta da tarifa e até a implantação da chamada ‘bandeira vermelha’, que eleva custo do consumo em média de R$ 3,00 a cada 100kw/h. “A energia solar leva o consumidor a fugir dessa conta mensal, cujo valor é crescente a cada ano”, observou. “A boa notícia é que houve redução de preços nos equipamentos”.

A demanda por projetos de energia solar é dividida entre consumidores residenciais, estabelecimentos comerciais e industriais, em taxas quase iguais. Stefany Carneiro também lamenta a falta de política pública de incentivo aos consumidores residenciais, que precisam dispor de capital próprio ou financiamento em bancos privados.

Mediante o crescimento do mercado de energia solar, Stefany Carneiro chama a atenção para o surgimento de empresas sem a devida qualificação. “Estamos tratando de sistemas elétricos, que exigem conhecimentos técnicos, treinamento, capacitação e as empresas ou pessoas que forem contratar esses serviços precisam observar a qualidade dos elaboradores e implantadores dos projetos”.

Em Iguatu, há três anos, uma empresa industrial implantou uma unidade de geração de um megawatt de energia solar. Um empresário local, José de Sá Vilarouca, já contratou projeto para atender a 25 lojas da rede de franquia de O Boticário. “Outras empresas estão de olho na fonte alternativa, solicitando plantas e estudo de viabilidade econômica”, reafirmou Hildernando Oliveira. “Quanto maior o consumo, maior será a compensação financeira”.

Condomínio solar

Na cidade de Tabuleiro do Norte, o condomínio solar construído pela Enel, por meio da Enel Soluções, fornece energia para farmácias da rede Pague Menos no Ceará. O empreendimento é o primeiro condomínio solar do Brasil em geração distribuída. Com 3.420 placas fotovoltaicas, a planta tem potência total instalada de 1.060 kWp, o suficiente para abastecer cerca de 900 residências todos os meses. Foram investidos R$ 7 milhões na elaboração e na construção do projeto. No total, 40 lojas da rede de farmácias Pague Menos recebem energia gerada pelo condomínio. A unidade ocupa uma área de 35 mil m².

A Enel Soluções desenvolveu também o primeiro estacionamento gerador de energia solar do Ceará. A obra foi construída para a Mavi Papelaria, em Limoeiro do Norte. Ao todo, foram instalados 27 módulos fotovoltaicos com potência de 7,02 kWp, que devem render 12.253 kWh por ano – cerca de 95% da energia consumida pelo estabelecimento. O investimento girou em torno de R$ 50 mil. A estimativa é que, nos 25 anos de vida útil do sistema, a economia gire em torno de R$ 215 mil.

Números

O Ceará é pioneiro em implantação de novas matrizes energéticas limpas – eólica e solar. É o segundo em instalação de sistemas de energia solar com cerca de 480 unidades geradoras. No Brasil, há aproximadamente 10 mil conexões de minigeração a partir de painéis fotovoltaicos.

No País, os números são crescentes referentes à instalação de sistemas de energia solar. Em 2015, eram cerca de 2000. Em 2016, triplicou e a previsão para 2017 é chegar a 12 mil unidades geradoras. Em termos de unidades geradoras de energia solar, aliás, o modelo residencial lidera o ranking, mas perde em potência gerada. “No Ceará, a tendência atual é mais para empresas até porque eles dispõem de linha de financiamento”, observa Clayton Medeiros. “Para residências, o tempo de retorno no investimento é mais rápido, em média de cinco anos”.

Os empresários do setor reafirmam que há muitos aspectos a serem melhorados para a ampliação da energia solar e destacam a necessidade de incentivos a partir da abertura de linhas de crédito para pessoa física, redução de impostos, dentre eles o IPTU e Imposto de Renda. A energia oriunda de matriz hidrelétrica é mais cara, cria uma série de problemas ecológicos, agride o meio ambiente, ocasiona desmatamento, perda de áreas agricultáveis, e estabelece dependência com o ciclo de chuvas.

Em comparação com outros países, o Brasil tem uma posição ínfima na geração de energia solar, apesar de dispor em seu território de incidência do sol ao longo do ano, em particular nas regiões Nordeste e Norte.

De acordo com previsão do Ministério de Minas e Energia, o Brasil, em 2018, deve integrar o ranking dos 20 maiores produtores de energia solar. Os cinco maiores países com potência instalada são: China, Estados Unidos, Alemanha, Japão e Itália.

Fique por dentro

Linha crédito do BNB financia sistemas

O FNE Sol é uma linha de crédito oferecida pelo Banco do Nordeste com o objetivo de contribuir para a sustentabilidade ambiental da Matriz Energética da Região Nordeste. Financia sistemas de micro e minigeração distribuída por fontes renováveis. A fonte de recursos é o Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Nordeste. O público alvo são empresas industriais, agroindustriais, comerciais, de prestação de serviços, produtores e empresas rurais e associações. O prazo de financiamento é de 12 anos, com carência de seis meses a um ano. A taxa de juros varia de 6,65% a 9,0% segundo o setor e o porte do empreendimento, ofertando bônus de 15% para o pagamento em dia.

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