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Multifuncionais

08/03/2017

Valor Econômico –  Jacilio Saraiva – 23 de fevereiro de 2017

Há mais mulheres abrindo negócios por necessidade, para complementar a renda familiar em tempos de crise, e a maioria delas está empreendendo nos setores de alimentação e serviços domésticos. Mais de 70% das empresárias decidem fundar uma companhia depois de ter filhos e cresce a presença feminina em nichos antes dominados pelos homens, como as startups.

Os números fazem parte de levantamentos realizados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Rede Mulher Empreendedora (RME), Associação Brasileira de Franchising (ABF) e a consultoria EY.

Para especialistas, apesar dos avanços do empreendedorismo feminino, as mulheres de negócios ainda precisam superar dificuldades históricas, como o preconceito de gênero e a falta de tempo para conciliar trabalho e o cuidado da família.

Comparadas aos homens, as gestoras também iniciam negócios com menos idade e estão mais conectadas à internet, segundo as pesquisas. “Elas estão sempre em busca de informação”, diz o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos. “Além disso, são multifuncionais, competência essencial na gestão, e sabem lidar com pessoas, outra habilidade necessária para quem empreende.”

De acordo com o estudo Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2015, divulgado no ano passado, mais de 40% das empreendedoras no país têm até 34 anos, enquanto no grupo dos homens 50% estão entre 35 e 54 anos de idade. O levantamento, feito com o apoio do Sebrae, ouviu duas mil pessoas, de 18 a 64 anos. Outro dado revela a proximidade das empreendedoras à internet: 48% das donas de pequenos negócios usam a web no trabalho, enquanto esse percentual encolhe para 37% entre os homens.

O mapeamento também sinaliza que as mulheres empreendem mais por necessidade – e isso pode atrapalhar na evolução dos negócios. A taxa de empreendedorismo feminino por necessidade é 12 pontos percentuais acima do índice dos homens – 54% e 32%, respectivamente.

Empreendedores por necessidade são aqueles que abrem uma empresa por não ter melhores opções para gerar renda. Já os empresários por oportunidade criam um empreendimento mesmo diante de outras alternativas. Geralmente, têm níveis de escolaridade mais altos e querem ganhar independência financeira.

“A possibilidade de êxito é maior nos negócios criados por oportunidade. Por apresentarem um maior volume de iniciativas por necessidade, as gestoras podem enfrentar mais dificuldades em manter a empresa no longo prazo”, diz Afif.

De acordo com o Sebrae, entre os setores mais procurados pelas empresárias está o de alimentação, com 16% do total; além de serviços domésticos (16%), salões de beleza (13%) e comércio de cosméticos, perfumaria e higiene pessoal (9%). Nos próximos anos, a tendência é que a maioria continue investindo nesses segmentos. “São atividades ligadas a interesses do público feminino e costumam ser mais exploradas pelas empresárias.”

Para Ana Fontes, fundadora da RME, o empreendedorismo feminino também aponta para caminhos diferentes durante períodos opostos da vida da mulher. “Há um movimento das mais jovens, que consideram empreender como uma opção de carreira, e outro de mulheres mais velhas, com filhos já criados, que querem voltar à ativa.” A RME oferece um site com conteúdo e fóruns de discussões, além de promover eventos de networking e mentorias para as empreendedoras. No ano da sua fundação, em 2010, tinha apenas dez mil inscritas Hoje, reúne 300 mil participantes.

Pesquisa organizada pela entidade, com patrocínio da Avon, Itaú e Facebook, mostra que 75% das empreendedoras decidiram montar um negócio após a maternidade. O levantamento, feito no ano passado, ouviu 1,3 mil mulheres e descobriu que 42% delas iniciaram uma empresa há menos de três anos. “A maioria tem média de idade de 38 anos, é casada e com filhos”, diz.

Segundo Ana, uma das principais dificuldades que as mulheres precisam driblar para se tornar líderes de negócios é saber como distribuir as tarefas domésticas com companheiros e familiares. Dentro das empresas, o maior obstáculo é assumir a área financeira. “Ainda é um setor de domínio masculino.”

Fabiana Estrela, diretora da ABF, afirma que mais mulheres estão chegando ao ramo de franquias. O levantamento Liderança Feminina no Franchising indicou que quanto mais nova é a empresa, maior é a participação de administradoras em cargos executivos.

“Nas franqueadoras com até cinco anos de mercado, 40% das funções executivas estão com as mulheres”, diz. Entre as redes a partir de dez anos de fundação, as executivas são 31% do corpo diretivo. De acordo com a ABF, 49% das unidades próprias ou franqueadas são dirigidas por gestoras. O Brasil tem três mil redes franqueadoras. “Precisamos de uma maior equidade de gênero nas organizações. Um ambiente de trabalho mais igualitário e diverso favorece a inovação.”

Andrea Weichert, sócia da EY, afirma que a presença feminina começa a ficar mais forte em setores antes ocupados por homens. De acordo com um estudo de 2016 sobre mercado global de trabalho, há mais mulheres no comando de startups ou empresas iniciantes de tecnologia. Entre 2010 e 2015, somente 10% do montante de fundos de venture capital foram aplicados em startups com pelo menos uma mulher fundadora. “O percentual demonstra um incremento em relação às pesquisas dos anos anteriores”, explica. Entre os entrevistados, 37% eram de empreendedoras, a maior proporção feminina nas cinco edições da análise. Foram ouvidos 2,7 mil empresários em mais de dez países.

 

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