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O bilionário insaciável

21/08/2014

Isto É Dinheiro – 20/08 – Márcio Juliboni

Oito meses apôs vender o Grupo Multi, o empresário Carlos Wizard Martins volta aos negócios com a compra da rede de produtos orgânicos Mundo Verde

O empresário curitibano Carlos Wizard Martins segue um estilo de vida saudável. Não fuma nem toma café, bebidas alcoólicas ou chá preto. Sua dieta valoriza frutas, legumes e fibras. Seus hábitos são ditados pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, do qual é um destacado membro.

Martins não está sozinho na busca de uma vida mais equilibrada e isso não se refere apenas aos milhares de mórmons que compartilham de sua fé no Brasil. Uma pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo mostrou que, em 2010, 21% dos brasileiros desejavam uma alimentação mais saudável e estavam dispostos a pagar por isso. Foi de olho nesse público que Martins anunciou, na terça-feira 12, a compra por um valor não revelado da Mundo Verde, maior rede de produtos orgânicos do País, com 335 lojas e um faturamento estimado de R$ 400 milhões para 2014. "Eu me identifico com os conceitos da Mundo Verde", afirma o empresário, ao explicar por que voltou à ativa oito meses após liderar o maior negócio já realizado no setor brasileiro de ensino: a venda do Grupo Multi, que fundou em 1987 em Campinas (SP), para a britânica Pearson, por R$ 1,9 bilhão, dos quais embolsou R$ 1,3 bilhão. "A busca por uma vida saudável não ocorre apenas no Brasil", afirma Martins. "É uma tendência mundial", diz ele, autor do blog Como Ganhar Seu Primeiro Milhão, no portal da DINHEIRO.

Os números indicam que ele pode ter razão. A consultoria Euromonitor estima que, neste ano, esse mercado atinja R$ 40 bilhões no Brasil. Na conta, não estão apenas os produtos orgânicos, mas também alimentos funcionais de grandes indústrias e os chamados saudáveis, como carnes com menor teor de gordura. De qualquer modo, a cifra é o triplo de dez anos atrás. Nos Estados Unidos, o mercado de orgânicos movimentou US$ 35,1 bilhões no ano passado, uma alta de 11,5%, de acordo com a Organic Trade Association. E o suficiente para sustentar grandes negócios, como o da texana Whole Foods, fundada em 1978. Com 388 lojas nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, a missão da Whole Foods é ensinar os consumidores a ter uma vida melhor, costuma dizer seu fundador, John Mackey.

Mas esse é um negócio tão apetitoso quanto desafiador para o ex-dono da escola de inglês Wizard. É verdade que a Mundo Verde é baseada em franquias uma área na qual Martins acumulou vasta experiência, ao levar o Multi às atuais 2,6 mil escolas franqueadas. "Mas o ensino é bem menos complexo que o varejo", afirma Ricardo Camargo, diretor executivo da Associação Brasileira de Franchising.

Martins reconhece as diferenças. "Nas escolas, há um vínculo muito forte com o aluno e a família, que deve ser valorizado", diz ele. "Já o varejo depende de produtos de qualidade, atendimento e preço justo." Os desafios não param por aí. O maior deles é a logística para alimentar a expansão da empresa para 650 lojas e vendas de R$ 1 bilhão até 2018, segundo os planos de Martins. A Mundo Verde oferece cerca de dez mil produtos, que vão de alimentos in natura a objetos de decoração. "Há produtos com prazo de validade, que precisam do aval da Anvisa e do Ministério da Agricultura", afirma o consultor Marcelo Cherto, especialista em franquias. Para preencher as gôndolas, a Mundo Verde depende de mais de mil fornecedores, muitos deles pequenos produtores.

A empresa de private equity Axxon, que havia comprado a Mundo Verde em 2009, pretendia implantar, em 2015, uma central de compras para enxugar fornecedores e melhorar o poder de negociação. Por ora, Martins vai manter os planos do antigo controlador, mas se dispôs a discutir novos passos com os franqueados e encarar seu último desafio: o cultural, já que muitos deles veem a Mundo Verde como a encarnação de seu modo de vida mais despojado, inclusive no sentido financeiro. "Há um espírito quase hippie ali", diz uma fonte que pediu para não ser identificada. Conciliar o modo frugal de vida de clientes e franqueados com o apetite por bons lucros será crucial para a saúde dos negócios de Martins nos próximos anos.

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