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Demitida da OAS, agora é dona de franquia de café

26/08/2015

O Estado de S.Paulo – Naiana Oscar – 23/08

Ivirlhei Sândalo Pereira trocou o canteiro de obra por um quiosque que vende cafezinho e pão de queijo

Não fosse a Operação Lava Jato, Ivirlhei Sândalo Pereira não teria montado seu quiosque de café mineiro em uma galeria comercial perto da Rodoviária do Tietê, em São Paulo. Ela trabalhou até março deste ano como gerente administrativa da OAS, uma das empreiteiras investigadas pela Polícia Federal. Depois que executivos da companhia foram presos, no ano passado, e a empresa ficou paralisada, ela pressentiu que a demissão chegaria, mais cedo ou mais tarde. Em janeiro, Ivirlhei foi chamada na sala do chefe e ouviu dele a frase que ainda repete com certa estupefação: “É o seguinte: nós dois estamos demitidos”.

Com alguns meses para se organizar até a saída definitiva, Ivirlhei começou a correr atrás do que seria sua fonte de renda dali em diante. Aos 52 anos, depois de quase duas décadas na empreiteira, ela tinha uma certeza: não admitia a ideia de responder novamente a um chefe. Queria mandar em si mesma. E também não estava disposta a procurar emprego para ganhar menos.

Exigências como a da ex-executiva da OAS têm aparecido com frequência nas consultorias prestadas por empresas especializadas em transição de carreira. “Para muita gente a vida corporativa perdeu a graça”, diz César Souza, sócio do Grupo Empreenda, que oferece treinamento a profissionais em cargos de liderança. “O sujeito é demitido com 50 anos de uma empresa e não tem motivação para começar em outra companhia, ganhando menos, às vezes, e sem muita perspectiva de crescimento.”

A Stato, uma consultoria que atende grandes empresas na área de recursos humanos, já começou a perceber essa mudança. O termômetro está no departamento de “outplacement”, que é contratado por corporações para orientar o processo de demissões e acompanhar os profissionais dispensados até que eles voltem ao mercado. Até dezembro do ano passado, 10% dos executivos atendidos pela Stato chegavam ao fim do processo decididos a empreender. Agora, esse porcentual gira em torno de 25%. “Muitos já alimentavam essa vontade, mas a falta de alternativas tem pesado bastante.” Sem o suporte de uma consultoria, Ivirlhei teve de decidir sozinha que rumo tomar. Depois de visitar uma feira do Sebrae, definiu mais um passo: seria uma franqueada para correr menos riscos na nova empreitada.

Pensou em sorveteria, mas acabou se interessando pela franquia recém lançada de cafés Cheirin Bão, de um grupo de franchising de Três Corações (MG). “Peguei o carro, dirigi três horas até lá para me certificar de que o negócio existia mesmo e assinei o contrato no dia seguinte”, conta. Foi nessa viagem a Minas que Ivirlhei diz ter tomado o primeiro café de sua vida. “Nunca gostei por ser amargo, mas achei o negócio charmoso e com muito potencial, porque o produto é de alta qualidade.”

De uma só vez a ex-executiva da OAS comprou três unidades da Cheirin Bão em São Paulo, por R$ 90 mil. A primeira foi inaugurada na semana passada em uma galeria perto da Rodoviária do Tietê. A segunda será aberta no Shopping Pátio Paulista e a terceira, se as negociações avançarem, no Aeroporto de Guarulhos. Enquanto acertava os detalhes do contrato e fazia treinamento para aprender a preparar café, Ivirlhei ficou sabendo de um salão de beleza, perto do shopping, que ia fechar as portas. Vaidosa, frequentadora assídua de salões e com dinheiro, decidiu comprá-lo.

Até agora, ela diz ter investido um quinto do capital e não faz planos de entrar em novos negócios. Quer se concentrar nas franquias e na operação do salão de beleza. “É tudo novo para mim e tenho muito ainda o que aprender”, diz. Filha de lavradores da cidade de Barretos, em São Paulo, formada em contabilidade e funcionária desde os 16 anos, essa é a primeira vez que Ivirlhei se aventura no universo do empreendedorismo. Sobre crise, ela não gosta muito de falar. Acha que o País está vivendo uma evolução necessária e que se trabalhar direito passará sem sofrimento por esse período. “Não existe um tempo certo para empreender. Esse é o meu.”

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