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As dicas de Carlos Wizard para se tornar um milionário

26/03/2015

Época Negócios – Julyana Oliveira – 23/03
 
O empreendedor conta como passou de assalariado ao fundador de um dos maiores grupos de educação do mundo, o Grupo Multi, do qual a Wizard faz parte
 
Aos 17 anos, Carlos Wizard fez uma malinha preta com um punhado de camisetas, algumas calças e um tênis. Colocou 100 dólares no bolso e embarcou para Nova York na busca por uma experiência no exterior. “No avião, quando o piloto informou que estávamos sobrevoando Nova York, eu me senti o Neil Armstrong pisando na lua”, conta Wizard. Naquele momento, ele estava realizando um sonho, mas o começo no novo país não foi fácil. 
 
Lá, Wizard morou por dois anos. Começou trabalhando num restaurante, às vezes lavava prato, outras limpava o chão ou auxiliava os garçons. Depois, foi a vez de trabalhar em uma fábrica. Ele entrava à meia noite e saía às seis da manhã. “Eu tinha que fazer o que aparecesse para poder garantir a sobrevivência”, explica, “naquela ocasião, eu não tinha inglês suficiente para entrar na faculdade, não tinha uma estrutura de apoio e fui basicamente no espírito de enfrentar qualquer situação”, completa, contando sobre sua primeira vez fora do Brasil. 

Aos 19 anos, ele saiu dos EUA e foi morar em Portugal a serviço da igreja Mórmon, onde passou a evangelizar e trabalhar como voluntário. Lá ficou por dois anos, quando retornou ao Brasil. Assim que chegou ao país, Wizard se dedicou aos estudos e fez um supletivo para concluir o ensino médio. O próximo passo foi dar aulas de inglês particulares para juntar dinheiro e poder fazer faculdade no exterior.

Aos 26 anos, Wizard voltou aos EUA. Dessa vez, a bagagem era maior. Ele já era casado e pai de gêmeos. Entrou na universidade mórmon Brigham Young, onde cursou Análise de Sistemas e Tecnologia. Ali, se descobriu um empreendedor.

O que ele não podia imaginar era que, quando retornasse ao Brasil, construiria um dos maiores grupos educacionais do país- o Grupo Multi, que inclui as escolas de idiomas Wizard, Yázigi, Skills e Apls, além da SOS Computadores e da Microlins no ensino profissionalizante. Em dezembro de 2013, o grupo foi vendido por R$ 1,9 bilhão – um dos maiores negócios brasileiros na área de educação. Wizard também é autor do best-seller “Desperte o milionário que há em você” e comprou a rede de franquias Mundo Verde em agosto de 2014.

Sobre voltar ao ramo educacional, Wizard é misterioso e diz que só o futuro dirá. Mas revelou que ainda este ano deve lançar um novo livro. Em entrevista a NEGÓCIOS, ele contou sobre o início de sua carreira, o Grupo Multi e os planos para o Mundo Verde.

Como você começou a empreender?
 
O meu lado empreendedor despertou na segunda vez que eu estive nos EUA, já com 26 anos. Enquanto eu ia para escola, estudava e me qualificava, criei uma biblioteca pessoal, que eu chamo de biblioteca do sucesso. Eu lia todo tipo de literatura que tinha a ver com negócios, administração, gestão de pessoas, gestão financeira. E fui desenvolvendo e acumulando conhecimentos que eu não recebia em sala de aula. Até que chegou um momento na minha vida universitária que eu comecei a questionar se deveria ou não continuar na faculdade. Se deveria ou não continuar com aquela literatura. Isso porque a sala de aula me dava conhecimento acadêmico e essa minha busca pessoal me dava uma disposição e uma motivação para o empreendedorismo. E essas eram duas coisas que não caminhavam juntas naquele momento. Eu resolvi guardar toda aquela literatura até terminar a faculdade para então retornar a ela. 

Você fez universidade nos EUA e retornou ao Brasil. Como foi início aqui?
 
Quando eu retornei ao Brasil, meu plano era seguir uma carreira executiva. Eu não sabia que ia me tornar um empreendedor na área da educação. Só que eu comecei a dar aula de inglês, no início, lecionando em casa. Um aluno, dois alunos, três alunos… De repente, eu fiquei na dúvida: será que eu devo abrir uma escola? Nós estávamos no final da década de 80, no governo Sarney, com uma inflação alta, planos econômicos mudando a cada seis meses, nova moeda, mas independentemente de qualquer coisa eu achei que teria chance como empreendedor começando uma escola. E foi assim que abri a primeira Wizard.

"O jovem muitas vezes já nem tenta mais conseguir um emprego. Ele passa três, quatro ou cinco anos na faculdade e quando se forma vai ganhar R$ 1.000 ou R$ 2.000 por mês. É uma situação trágica para a nossa juventude."

Como você explica sua vocação empreendedora?
 
Eu sou uma pessoa muito racional. Certa vez, estava na fila do banco para receber o meu holerite, quando olhei para a pessoa que estava atendendo e perguntei: “Você sabe me dizer quanto o meu chefe ganha?”. Ele era o diretor e já estava na empresa há vinte anos. Ela cometeu uma impropriedade, só perguntou qual era o nome dele, verificou no sistema e me passou a informação. Eu achei muito baixo. Perguntei se aquele valor era mensal, quinzenal ou semanal. E ela respondeu: “É claro que é mensal!” Quando eu saí da fila do banco aquele dia, eu fiquei decepcionado. Pensei, será que eu vou gastar 20 anos da minha vida para construir uma carreira e receber essa remuneração? Então, a partir daquela fila de banco, eu sabia que eu ia empreender. Eu não sabia ao certo o que eu ia fazer, mas aquilo passou a ser o meu sonho.

Considerando o cenário brasileiro atual, você incentivaria alguém a empreender?
 
Nós temos dois extremos. Hoje, vivemos o pior cenário político, econômico e financeiro da nossa história recente. Infelizmente, estamos enfrentando uma crise de credibilidade e isso é uma coisa muito séria para o país, para os negócios e para as empresas de forma geral. É um reflexo direto da nossa falta de infraestrutura, elevados índices de impostos, linhas trabalhistas obsoletas e, acima de tudo, um alto índice de corrupção. Por outro lado, apesar do clima negativo que enfrentamos no dia a dia, temos novos milionários todos os dias no Brasil. Então, embora nós tenhamos um cenário negativo, temos também um mundo de possibilidades para empreendedores dentro do país.

Como você incentiva os jovens empreendedores?
 
Quando escrevi o “Desperte o milionário que há em você”, foi justamente como uma forma de incentivar o jovem empreendedor. O jovem muitas vezes já nem tenta mais conseguir um emprego. Ele passa três, quatro ou cinco anos na faculdade e quando se forma vai ganhar R$ 1.000 ou R$ 2.000 por mês. É uma situação trágica para a nossa juventude. É então que ele passa a sonhar. Esse livro é uma forma de incentivar os jovens a acreditar em si mesmos e apostar em um projeto pessoal para mudarem a sua vida profissional.

O que é preciso para ser um milionário?
 
São três coisas. Primeiro: é preciso ter o desejo. Ninguém vai ser um milionário achando que, simplesmente, vai cair um paraquedas com um milhão de dólares em sua casa. É preciso o desejo real. Segundo: é preciso transformar o desejo em um projeto comercial capaz de atingir o mercado em larga escala. Não adianta ter um projeto comercial que vai atender a rua ou bairro. Tem que ser um projeto comercial em larga escala. Terceiro, talvez o mais importante: é preciso seguir as regras, os conceitos e os princípios que transformam a vida financeira do individuo em sua forma atual. Ou seja, zere suas dívidas, não deixe que pendências financeiras atrapalhem seus negócios. E poupe dinheiro. Quem quer ser um milionário deve aprender a guardar e acumular dinheiro para que ele se multiplique. Qualquer pessoa que tiver o desejo, transformar o desejo em um projeto real e seguir as regras financeiras, vai se tornar um milionário.

O que o motivou e continua o motivando a fazer mais dinheiro?
 
Em um primeiro estágio, dinheiro é uma grande motivação. Mas, depois de atingir certo conforto financeiro, ele deixa de ser. O motor passa a ser muito mais a contribuição social que você está gerando. É isso que o faz continuar. Saber que a Wizard contribui para o cenário da educação, transformando o Brasil em um país bilíngue, para mim, isso foi a maior motivação.

Como você usufrui do patrimônio que tem hoje?
 
Nós diversificamos o nosso portfólio de investimentos. Parte dele é voltada ao setor imobiliário, outra parte é destinada ao mercado de capital de risco, com investimentos dentro e fora do Brasil. Uma última parte é usada na aquisição de empresas, voltando recursos para o mercado a fim de gerar mais riquezas a partir da criação de empregos.
 
Como foi vender algo que você fundou? E ao mesmo tempo saber que foi um dos maiores negócios brasileiros na área de educação (R$ 1,9 bilhão)?
 
Tem dois lados. Primeiro, o aspecto emocional: independentemente de eu ter vendido ou não, eu estou convicto que o meu nome é Carlos Wizard Martins. No dia em que eu morrer, na minha lápide vai estar Wizard. Eu vou carregar a Wizard para sempre. Por outro lado, tem o aspecto racional: eu acho que todo negócio está sujeito a uma negociação. Se a análise de mercado, as projeções e as condições são favoráveis e incentivam uma transação, por que não vender? Todo empreendedor é racional também. Não é somente emocional. Se fosse só pelo coração, eu nunca teria vendido o Grupo Multi.

Como você vê hoje o Grupo Multi?
 
Felizmente, nós fechamos negócio com uma empresa que é líder mundial no setor de educação, a Pearson. Ela tem elevados índices de investimento na área tecnológica e vai agregar valor a todo o sistema. Eu me sinto muito à vontade e muito tranquilo. Seria diferente se eu tivesse vendido para um fundo de investimentos ou para um banco. Eu saberia que eles só iriam ficar com o negócio por uns cinco ou seis anos e, depois, passar para frente. Já a Pearson tem mais de cem anos de experiência e a visão deles é de longo prazo. 

Você fez uma grande mudança após sair do setor educacional. Por que investir em alimentação?
 
Um dos principais motivos que nos levaram a adquirir o Mundo Verde foi adentrar no setor de franquias. Somos membros fundadores da ABF – Associação Brasileira de Franchising – e me sinto bem seguro, competente e à vontade nesse meio de franquias. Em segundo lugar, o ramo de alimentação saudável é uma tendência nacional e internacional. As pessoas estão cada vez mais conscientes da necessidade de uma reeducação alimentar, de buscar produtos mais saudáveis e ter uma condição de vida melhor. O Brasil tem 50 milhões de novos brasileiros com recursos no bolso. Assim que uma pessoa consegue estabilidade financeira, ela vai investir na questão de saúde e alimentação. E o Mundo Verde vem atender essa necessidade de mercado.

Como funciona o mercado brasileiro para produtos naturais? 
 
Nos EUA e na Europa, esse mercado já está bem maduro, é um mercado consolidado. Existe bastante incentivo ao consumo de produtos naturais. No Brasil, falando sinceramente, nós estamos apenas engatinhando. Eu me sinto, muitas vezes, como há 25 anos quando comecei a Wizard. Naquela época, tinha apenas um modelo de escola de renome no país e nós conseguimos transformar esse mercado, fazendo da Wizard a maior rede de idiomas do mundo. Eu acho que em 20 anos o Mundo Verde terá alcançado o mesmo lugar de sucesso que alcançamos com o negócio de educação. E, certamente, queremos novos fornecedores, mais qualidade de produtos, lançamentos… É um mercado que está sendo desbravado.

Qual o público vocês visam atingir?
 
Eu vou de um extremo a outro. De um lado, há o aspecto estético, aquela pessoa que quer consumir mais colágeno, para deixar a pele mais bonita, mais atraente e mais firme. Do outro, a questão da saúde. Hoje, muitas pessoas são aconselhadas pelos médicos a evitar glúten ou a consumir produtos sem lactose. Nós oferecemos 5 mil itens em cada loja e isso dá uma opção de consumo que a pessoa não vai encontrar em supermercados, por exemplo. Para se ter uma ideia, no ano passado abrimos uma loja na Rocinha. Não importa se a pessoa tem mais condição ou menos condição financeira, é uma questão de buscar qualidade de vida.

Operar uma rede de varejo é muito diferente de operar uma franquia de serviço? Quais são os desafios?
 
É muita diferença. A minha preocupação era manter as salas sempre disponíveis, agora é manter a prateleira cheia de produtos. A nossa meta hoje é termos, até 2016, 50% dos produtos com distribuição própria. Na gestão anterior, os produtos chegavam até a loja de pontos cruzados. O franqueado precisava negociar com dezenas de fornecedores para conseguir todos os produtos. Eu descobri, por exemplo, que somente para o mel nós tínhamos mais de 80 fornecedores na rede. Para resolver, o que nos fizemos? Estamos centralizando a distribuição em Jundiaí e já estamos com 20% a 30% dos produtos saindo dali.

Quais são seus planos para o Mundo Verde?
 
No Mundo Verde, nós pretendemos ser a primeira marca no ranking Top Of Mind – que mostra quais são as marcas mais lembradas pelos consumidores. Além disso, queremos estar presentes dentro dos grandes shoppings e também em lojas de rua. Em São Paulo, há muitas praças com ótimo potencial de venda que ainda não têm um Mundo Verde. Uma das primeiras estratégias é atingir com força o estado de São Paulo.

Você transformou 100 franqueados do Grupo Multi em milionários. Isso, com certeza, gerou uma expectativa dos franqueados do Mundo Verde. O que você acha que eles esperam de você?
 
Eles esperam que as mesmas práticas que fizeram do Grupo Multi uma empresa líder no seu setor, seja implementadas na rede Mundo Verde. Algumas nós já estamos aplicando. Por exemplo, a última convenção nacional da rede Mundo Verde aconteceu há 10 anos, em 2004. Ou seja, a última gestão acabou com as convenções como corte de custos. Em minha opinião, todo negócio tem o momento racional, mas também tem o momento emocional muito forte. Quando você tem uma rede como a nossa, com 335 lojas, e colocamos todos juntos em um único momento, em um único espaço para tratar de assuntos comuns, isso gera uma força para marca muito grande. Então, nós fizemos a primeira convenção logo que assumimos a rede no ano passado e tivemos mais de 300 participantes. E eu já anunciei que a convenção será anual. Isso é um ambiente de plataforma, de lançamento de produtos, de projeção, de campanhas e de integração.

A meta para 2018 é ambiciosa. São 650 lojas e receita de R$ 1 bilhão. Qual o caminho para atingi-la?

O primeiro aspecto é facilitar o processo de adesão à rede. A antiga gestão tinha um questionário com 30 tópicos de avaliação. Quando, e se, a pessoa passasse nos 29 itens anteriores, o trigésimo passo era assinar o contrato e pagar a taxa da franquia. Quando eu assumi a rede, fui visitar alguns franqueados e um deles me disse que estava há três meses tentando comprar uma nova loja e não estava conseguindo. Foi aí que eu descobri o tal questionário. O que eu fiz? Refiz o questionário de trás para frente. Vamos começar pelo item 30, você assina o contrato e paga a taxa de franquia e depois a gente vai cuidar do resto. Quando a pessoa tem o compromisso firmado ela vai correr muito mais atrás do retorno do investimento do que se ela ficar presa em 29 itens para analisar e questionar. Após a mudança, nós chegamos a receber 25 novos contratos de franquias em apenas um mês. Se tirarmos o sábado e domingo foi praticamente um contrato por dia.

A meta de 2014 era fechar o ano com 335 lojas e uma receita de R$ 400 milhões e ela foi alcançada. Qual foi o segredo?
 
O segredo está em três aspectos. Primeiro: nós colocamos um fator de agilidade nos processos. Segundo: nós criamos um programa onde não são somente os acionistas que saem ganhando com os lucros da empresa. Os outros membros da equipe também têm uma participação. Isso é fundamental. Terceiro: nós passamos a oferecer um treinamento presencial para os colaboradores da rede que antigamente era online. É uma questão de cultura: uma gestão mais ágil, uma distribuição de lucros e ao mesmo tempo investimento em treinamento tem um impacto imediato no nosso sucesso.
 

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